Curitiba 330 anos e o orgulho que os moradores têm do
bairro em que vivem
O Sítio Cercado é um bairro que ferve! É só andar pelo local que já da para ver que é gente pra lá e pra cá em várias ruas. Quem não conhece a famosa Isaac Ferreira da Cruz ou a Tijucas do Sul? Ou quem sabe a rua dos Pioneiros? É muito nome diferente! Mas é aí que vem uma dúvida curiosa e que nós já vamos sanar. De onde saiu este nome: Sítio Cercado?
Quem responde é o historiador Felippy Strapasson, autor do livro ‘História Concisa dos bairros de Curitiba: do Abranches ao Xaxim’.
“O Sítio Cercado era uma grande propriedade do Izaac Ferreira da Cruz, que é também o nome de uma rua muito famosa ali, e essa terra era banhada pelo rio Ribeirão de Padilha, pelo rio Arroio Cercado e pelo rio Arroio Boa Vista. Isso fazia a propriedade dele ser cercada por rios, desse detalhe veio o nome”, explicou o historiador
Agora faz sentido! O Sítio Cercado nasceu lá pelos anos 60 com a criação dos primeiros loteamentos. A partir de 1992, o movimento se intensificou e foram criadas vilas como o Xapinhal e o Bairro Novo. Desta forma, o bairro foi crescendo e se tornou o que é hoje.
Comércio, escolas, unidades de saude, agência do trabalhador e também muito verde e opções de lazer. Um dos lugares preferidos dos moradores é a Praça do Semeador, enooorme, revitalizado, o local inclui até pista de atletismo.
Na região sul de Curitiba, faz vizinhança com os bairros: Alto Boqueirão, Ganchincho, Pinheirinho, Tatuquara, Umbará e Xaxim. Um dos mais populosos da cidade, a cerca de 17 km do centro.
Segundo maior bairro de Curitiba
Falando em vizinhos, ao lado do Sítio Cercado, bem pertinho, vamos aproveitar a viagem e visitar o Umbará. E aqui, tamanho é documento sim! O Umbará é o segundo maior bairro de Curitiba com 22,4 km² e fica atrás apenas da CIC, que tem quase o dobro do tamanho.
Assim como o Sítio Cercado, o Umbará também tem um belo parque que enche os moradores de orgulho. Estamos falando do Parque Lago Azul , que lá na decada de 70 era uma espécie de “praia” das famílias curitibanas. Hoje, não dá pra entrar na água, mas tem outras opções de lazer. O construtor Celso Bonato, mora em frente ao parque. Ele nasceu e cresceu no Umbará e conta que morar no bairro
“Antes de virar parque, o pessoal vinha aqui e tomava banho todo dia. A água era limpa, era azul mesmo, por isso ficou Lago Azul, de tão limpa que era. Eu trabalhava nas olarias e até eu vinha tomar banho aqui, nadava, pescava, pegava muito peixe ali, tinha muito lambari”, diz
Não tem como falar do Umbará, sem falar da rua da família Moletta. É uma das grandes atrações do bairro, que encanta e ilumina o Natal Curitibano. O morador Samuel Neuri Moletto conta que tudo começou como uma brincadeira, mas o espetáculo acabou virando uma tradição que já dura 26 anos na rua Nicola Pellanda!
“Meus tios e avós, lá em 96, começaram essa brincadeira de enfeitar o nosso jardim com um pouco de luz no Natal. Eles queriam retomar aquele espírito natalino e isso acabou tomando uma proporção um pouco maior durante os anos e acabamos abrindo isso para o público também”, relembrou
Há!! Como somos curiosos, um registro importante: o nome Um-bará significa “um barro só” e era exatamente assim que ficava a terra quando chovia por ali na época dos primeiros moradores.
Passagem de Tropeiros
Criatividade para inventar nome de bairro não falta! Na nossa busca por entender o orgulho que os curitibanos tem dos bairros em que vivem chegamos ao Ganchinho. O nome vem do “ganchinho de arame” utilizado pelos tropeiros para pendurar o arreio, que usavam para montar nos cavalos. É…lá no século 18, a região era passagem de tropeiros que deixaram sua marca na história. A principal rua do bairro era por onde eles passavam: a Estrada do Ganchinho.
Terra de gente boa, amiga, sempre pronta a ajudar. Esse é o caso do comerciante Luiz Carlos Alves. Morador do Ganchinho há 32 anos, é testemunha da transformação pela qual o bairro passou nas últimas décadas.
“Aqui mudou muito, no início era só barraquinho, chão batido, hoje tem postinho, tem escola, melhorou muito”, lembrou
Luiz não é o único a abrir um sorriso quando a gente pergunta porque o bairro onde vive lhe dá orgulho. Cícero Inácio da Silva, aposentado, mora aqui desde 1991, é testemunha que tudo no Ganchinho mudou muito rápido.
“Quem saiu daqui pra ir pra outro lugar e volta hoje, nem reconhece. A mudança é muito grande. Se você for parar para analisar essa rua aqui, não tem buraco, tudo certinho, pra morar também é bom, porque tem vários comércios do lado. Eu ando 100 metros e encontro quase tudo que eu preciso”, afirmou
O Ganchinho não pára! Este ano, para alegria de mães e pais de curitibinhas, acaba de ser inaugurado o novo Centro Municipal de Educação Infantil, o Maestrina Esmeralda Rovani, em homenagem à professora da rede falecida em 2021.
Assim, dá pra entender porque dá gosto contar histórias do Ganchinho, do Umbará e nem do Sítio Cercado, não é mesmo?