Curitiba 330 anos e o orgulho que os moradores têm do
bairro em que vivem
Para quem ainda não conhece detalhes da história de Curitiba pensar que um bairro se chama Portão pode parecer estranho, mas na verdade faz todo sentido. No século XIX, a região era o ponto de encontro de quem perambulava por outras regiões de Curitiba e queria ter acesso aos Campos Gerais.
Na época existia uma barreira fiscal que controlava o comércio ambulante de mercadorias que os imigrantes italianos transportavam. Foi esse posto de fiscalização que inspirou o nome “Portão”.
Outra curiosidade é que se você olhar o mapa de Curitiba, vai descobrir que é o Portão que fica exatamente no meio da cidade, e não o centro, como poderíamos imaginar. O historiador Felippy Strapasson conta que o Portão foi se desenvolvendo como um polo independente e hoje é uma grande região comercial na cidade.
“Eles traziam mercadorias de algumas colônias. Santa Cândida, Campo Comprido, eram os italianos. Então, o Portão era Confluência de todos os caminhos que ligavam ao Litoral do Paraná. O posto de fiscalização das mercadorias que vinham das colônias era chamado de Portão”, explica
Bom para o trabalho
E falando em região desenvolvida, o Portão também é um ótimo bairro para se trabalhar. Maristela Dias Antoniacomi é empreendedora e mora no bairro. Ela fez um curso do Programa Bom Negócio, que faz parte do movimento do Ecossistema de Inovação de Curitiba para promover cidade inteligente. A ideia é ajudar pessoas que já empreendem ou gostariam de empreender.
Marista trabalha com artesanato e conta que fez o curso antes da pandemia. “Foi muito bom! No ano passado eu voltei para fazer matérias específicas do marketing e vendas. O curso é muito bom porque ele ajuda no desenvolvimento do meu negócio”.
Além disso, ela destaca que o curso do Bom Negócio permite com que ela tenha mentoria e possa fazer um networking com outras pessoas que estão estudando. “O programa também é gratuito né, isso faz com que ajude bastante. Não precisa disponibilizar um grande valor financeiro para fazer”.
Agito
Pensa num bairro movimentado. A correria é grande no Portão, principalmente na rua mais famosa: a República Argentina. É por ela que o sistema BRT passa com seus ônibus biarticulados. E aí, é claro, só aumentou o número de lojas, centros médicos, farmácias, bares e restaurantes. Para os moradores do Portão, tem ainda o privilégio de ter dois grandes shoppings pertinho: Palladium e Ventura.
Cassius Fernandes é comerciante no Portão há 54 anos e fala sobre como é bom morar aqui.
“O bairro cresceu e se tornou um polo independente. O morador do Portão tem tudo aqui. É excelente! Tem banco, farmácia, supermercado, hospital, igreja”
Ocultismo
Do agitado Portão vamos agora para um bairro mais tranquilo, ao lado, chamado Vila Izabel, aliás, o único bairro que ainda tem nome de vila! É pequeno, com pouco mais que um quilômetro quadrado. E o que tem de pequeno, tem de aconchegante. O predomínio aqui são casas e apartamentos, além de alguns destaques como o Colégio Marista Paranaense, fundado em 1846.
No bairro que ganhou o nome por conta uma homenagem a Izabel de Aragão, rainha de Portugal, há também diversas opções de restaurantes, além de um Batalhão da Polícia Rodoviária Federal e uma Delegacia, que cuida de Furtos e Roubos de Veículos.
Maria Helena Pallú está no Vila Izabel desde os nove meses de vida e tem orgulho do lugar onde mora.
“Gosto muito daqui, tanto a Vila quanto a cidade de Curitiba são um exemplo. Bem conservadas, tem vários entretenimentos aqui. Nas pracinhas, aqui embaixo tem aqueles aparelhos de ginástica, tudo organizado, bonitinho, eu não pretendo sair daqui”, disse
Ainda sobre a Vila Izabel, uma curiosidade com ares de mistério. O Templo das Musas, que fica aqui no bairro, representa o lugar onde começou o ocultismo no Brasil. Os ocultistas acredita na influência de poderes sobrenaturais nas relações humanas. O templo foi fundado em 1918 e hoje se dedica a estudos do desenvolvimento do ser humano.
Terra de imigrantes
Da Vila Izabel, chegamos rapidinho ao Santa Quitéria. Bairro que há mais de 40 anos era uma extensa lavoura de milho com moradores alemães, poloneses e italianos.
O Santa Quitéria começou a se desenvolver a partir da construção de conjuntos habitacionais e hoje conta com diversos serviços à população. Tem também o Pequeno Cotolengo, instituição reconhecida em Curitiba por seu trabalho social e também pelo tradicional churrasco beneficente, que ocorre todo mês.
Abigail Filho é morador do Santa Quitéria e fala de como é morar aqui.
“Temos o posto de saúde que atende bem tanto presente lá quanto indo em casa. Gosto do salão de beleza, costureira, tudo que a gente precisa próximo nós temos”
A comerciante Karen Passador também faz questão de falar sobre como o Santa Quitéria é acolhedor.
“A gente conhece todo mundo, pessoal muito bacana”, diz
Essa foi mais uma viagem pelos bairros de Curitiba. Na reportagem de amanhã da série especial dos 330 anos de Curitiba vamos visitar o Centro de Curitiba.