Chove lá fora e – mesmo com as portas e janelas fechadas – paredes e pisos dentro de casa ficam “encharcados”. O fenômeno é fruto de um aumento repentino na temperatura e da relação entre a alta umidade do ar e a baixa temperatura das residências. Por que isso tem acontecido?
Essa tem sido a realidade em muitas casas e apartamentos de Curitiba e região nos últimos dias, e tem gerado uma batalha incansável para quem tenta eliminar ao enxugar as paredes e pisos. Parecemos enxugar gelo, não?

Adriano Dorigo, arquiteto, professor e coordenador do curso de pós-graduação da Universidade Positivo, explica que a condição climática dos últimos dias favoreceu a condensação da umidade do ar nas residências.
“Curitiba é uma cidade fria e úmida, e a gente teve vários dias de chuva intensa, então, a umidade do ar se elevou. A temperatura das construções baixou também, as superfícies – paredes e pisos – das construções também ficaram frios”
explica o professor Adriano Dorigo
Com o ambiente frio e o clima úmido, bastou um dia com temperaturas subindo para a condensação acontecer.
“Quando que acontece? Quando eu tenho uma elevação da temperatura do ar. Eu vinha de um período de vários dias frios com bastante umidade. De repente a temperatura sobe, como aconteceu ontem [segunda-feira, 16], então eu tenho um ar mais quente com umidade. Esse ar quente com umidade entrando em contato com a parede e com o piso frio, as moléculas de água condensam e viram água”
conta o arquiteto.
Como amenizar o fenômeno
Por ser uma situação climática, não existe muito o que possa ser feito para resolver a situação. O professor explica que isso é algo que passa ao decorrer dos dias, com as temperaturas dos ambientes internos e externos se igualando. Mas existem maneiras de amenizar a intensidade do fenômeno.
A primeira – e mais barata delas – é a ventilação do lugar, o problema é que chove, não permitindo que portas e janelas fiquem abertas o tempo todo.

A circulação do ar favorece o processo de evaporação, diminuindo a condensação da umidade nas paredes e pisos.
Outra solução é a utilização de um aparelho eletrônico para desumidificar o ar. Esses podem ser ventiladores ou circuladores – preço médio de mercado entre R$130 a R$500 – ou um desumidificador de ar, com modelos mais simples entre R$200 e R$500, podendo passar dos R$1000 em modelos mais complexos.
“Se eu pegar um pano e tentar enxugar a parede não vai adiantar nada, porque o ar continua aquecido e úmido e a parede continua fria. A única solução é trabalhar com ventilação. Então, num respiro da chuva, num intervalo sem chuva, abrir janelas, permitir que ventile o ambiente, ou colocar um ventilador mesmo, que aí – quando eu ventilo, quando eu forço o ar a passar – ele vai acelerar o processo de evaporação da água.”
cita o professor Adriano.
Residências x Umidade
Adriano ainda traz outro fator para a ocorrência da condensação: a qualidade de construção das residências.
“A gente peca muito em qualidade de construção. Não que sejam mal feitas, mas a gente aqui no Brasil não tem uma cultura de investir, por exemplo, em isolamento térmico das construções. A gente olha países europeus, que têm climas muito mais rigorosos, eles investem muito em isolamento térmico de paredes, isolamento de esquadrias e tudo mais”
relata Adriano Dorigo.
Ele conclui com algo que comenta muito em sala de aula com os alunos. Em Curitiba não temos um clima muito rigoroso, com temperaturas abaixo de 0ºC ou acima dos 30ºC e 40ºC com frequência, mas temos um clima “chato”.
Segundo Adriano, devido a falta de investimento em isolamento térmico nas residências, é comum que a variação do clima afete – e seja – mais percebida pela população, e que, se houvesse uma qualidade maior em isolamento, talvez esse fenômeno não acontecesse.
Comunicar erro
Comunique a redação sobre erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página.
Paredes e pisos úmidos; saiba o que tem acontecido e como resolver de forma simples e barata
OBS: o título e link da página são enviados diretamente para a nossa equipe.