A cidade de Curitiba, que comemora seu aniversário de 330 anos nesta quarta-feira (29), é referência no transporte coletivo para o país e o mundo há muitos anos e vem sendo pioneira no Brasil com os testes de ônibus movidos a combustíveis alternativos ao diesel. Em poucos dias, mais um passo será dado na capital.
Foto: Albari Rosa/AEN.
A partir de 4 de abril, Curitiba inaugura os testes com ônibus a gás natural veicular (GNV), que se juntam aos experimentos dos veículos elétricos, iniciados no ano passado.
A ideia é reduzir a emissão de gases do efeito estufa, seguindo uma realidade que já funciona em diversas cidades mundo afora, como Madri (Espanha), Los Angeles (Estados Unidos) e Bogotá (Colômbia), como destacou o presidente do Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba (Setransp), Mauricio Gulin, em entrevista ao vivo nos estúdios da Rádio Banda B, na manhã desta quarta.
“O meio ambiente está exigindo isso, tecnologias que diminuam a poluição”,
afirmou Gulin.
O gás natural, mesmo sendo de origem fóssil, é menos poluente do que os combustíveis líquidos, em razão de sua queima mais limpa, com menos fuligem e menor geração de dióxido de carbono (CO2), um dos principais gases de efeito estufa (GEE). Em comparação com o diesel, o veículo movido a gás natural pode emitir até 20% menos CO2, já a redução de óxidos de nitrogênio (NOx) é de quase 90% e a de material particulado chega a 85%.
Gulin diz que, até o final de abril, Curitiba terá também mais um ou dois ônibus elétricos. A circulação dos veículos permitirá estudos comparativos entre o uso de diesel, gás e eletricidade. “Vamos mostrar à população e à prefeitura que [a tecnologia] vai chegar, não tem como. A gente só tem que saber como estar preparado para essa tecnologia, que ela não assuste”, afirma.
Otimização de custos
A inovação do sistema, por uma tecnologia de ponta e que otimiza custos, é um debate constante. Muito já foi feito, mas ainda há barreiras a transpor, avalia Gulin. “Esse trabalho realmente é árduo, inovador, pelos altos custos que se apresentam. Vem numa continuidade de estudos e aperfeiçoamentos”.
Além disso, envolve muitos mercados e discussão com a própria população. “É um impacto muito grande, porque é uma mudança que vem, não tem como parar […] para que consigamos trazer o melhor de tecnologia, principalmente para Curitiba, onde queremos ser pioneiros também”, afirmou.
Transporte em números
Mais de 200 cidades no mundo têm o modelo do transporte coletivo de Curitiba como modelo. O sistema hoje transporta 580 mil passageiros ao dia. São 242 linhas, 22 terminais, 324 estações-tubo e uma frota de 1.591 ônibus, entre operantes e reservas, que rodam 226 mil quilômetros por dia útil. Cerca de 15 mil pessoas diretas, entre cobradores e motoristas, estão envolvidas no trabalho do transporte coletivo.
Confira abaixo a entrevista na íntegra:
