(Fotos: Flávia Barros – Banda B)

 

Mesmo depois do Partido dos Trabalhadores (PT) aceitar transferir o acampamento pró-Lula para um terreno próximo da sede da Polícia Federal (PF), moradores do bairro Santa Cândida, em Curitiba, dizem que ainda não tiveram a rotina normalizada. Para protestar contra o som alto e uma suposta hostilidade por parte dos manifestantes, eles decidiram realizar, na tarde desta quarta-feira (25), uma carreata do Centro Cívico até a sede de superintendência da PF.

A jornalista Silvana Stinbock, que mora no Santa Cândida há 30 anos, é uma das participantes do ato. De acordo com ela, mesmo com as mudanças previstas pelo acordo judicial, o movimento em apoio ao ex-presidente continua a atrapalhar o cotidiano de quem vive na área. “A gente á a favor da democracia, mas se eles acham que democracia é fechar as nossas ruas, invadir as nossas casas e gritar palavras de ordem o dia inteiro, eles estão errados. Todo mundo tem o direito de lutar pelo que quer, mas tem que prestar atenção onde começa e termina a liberdade do outro”, disse ela em entrevista à Banda B.

Silvana alega que os manifestantes não estão cumprindo com o que foi determinado pela Justiça. “Eles estão usando a caixa de som em um volume mais alto do que os decibéis permitidos e ficam com o microfone aberto das 8h até as 19h30, o dia inteiro. É uma irritação… E isso que eu não fico em casa o tempo todo, porque trabalho. Mas está inviável e nós estamos de mãos atadas. Fora que tem gente dormindo nas barracas que ficaram lá, o que não é permitido. Se a gente reclama ou tenta filmar a situação, somos hostilizados”, completou a moradora.

De acordo com ela, os moradores já protocolaram vários pedidos na Justiça para remover os manifestantes do local, além de realizar um abaixo-assinado. Para Vivian Comin, que também vive na região, o principal objetivo do protesto é chamar a atenção das autoridades para a causa. “O que queremos é mostrar para a prefeitura, governo, Ministério Público e Justiça Federal o que nós estamos passando. O Lula foi detido, mas nós moradores também estamos presos, além de sermos coagidos e ameaçados, isso não é justo”, afirmou.

Segundo ela, o grupo solicitou, oficialmente, o acompanhamento da Polícia Militar (PM) durante a carreata, para evitar uma possível confusão entre os grupos ‘adversários’.

Grupo pró-Lula nega transtornos

No dia 7 de abril, quando o ex-presidente foi preso, os apoiadores do petista montaram acampamento nas imediações da PF e começaram a receber caravanas de diversas regiões do país. Na época, os moradores reclamaram da mudança de rotina provocada pelo alto número de pessoas no local, que usaram o espaço para cozinhar, dormir e realizar atividades com o uso de caixa de som.

Desde então, a organização do movimento pró-Lula afirma que respeitou todas as determinações do acordo  e negou os transtornos mencionados pelos moradores, já que há, segundo o grupo, equipes para manter o local limpo e bem cuidado, e o uso do som acontece apenas em horário permitido pela Lei do Silêncio.

No dia último 17, após decisão da Justiça, o PT aceitou transferir o acampamento para um terreno alugado, a cerca de três quadras da sede da PF. Quatro tendas foram liberadas para o uso dos manifestantes.