Torcedores do Athletico Paranaense, especialmente aqueles que têm o débito automático em cartões de crédito para o pagamento do sócio do clube, reclamam de cobranças indevidas na fatura. O possível vazamentos de dados teria começado após a venda de ingresso para a Copa Sul-americana. Dezenas de casos já foram relatados por torcedores, que afirmam que seus cartões podem ter sido clonados.
Em entrevista à Banda B, Adriano Wuicik, que é sócio-torcedor do rubro-negro, afirmou que notou o problema após o relato de torcedores em grupos de WhatsApp. “Percebi dois lançamentos que eu não fiz, de um Uber e outro do Netflix, custando R$ 67,8o ao todo, logo após cair o pagamento do sócio. Na hora eu liguei para o meu banco, cancelei a senha e bloqueei o cartão. Acredito que o débito automático tenha sido o canal para a fraude”, afirmou.
Diego Silva, outro sócio do Athletico, afirmou que, assim que surgiram as primeiras denúncias, ficou atento à conta bancária. “Descobri por relatos pelo Whatsapp. Fiquei atento para ver se acontecia comigo também. Depois eu percebi um lançamento de 4 reais do Mercado Pago, que eu nunca fiz. Acessei o Internet Banking e já cancelei o cartão, emitindo outro logo em seguida”, disse.
Sobre o problema, o Athletico Paranaense informou que os dados do pagamento não ficam sob posse do clube, mas sim com a Gateway, empresa responsável pelos pagamentos. O CAP já pediu para que a companhia faça uma análise.
Proteção de dados
Para o advogado Guilherme Guimarães, especialista em Direito Digital e Segurança da Informação, o Athletico também tem responsabilidade sobre o caso, no caso de ser comprovado que ali foi o canal para um possível vazamento de dados. “A responsabilidade é integralmente da empresa que os coleta, então não há como o Athletico se eximir nessa situação”, relatou.
Guimarães explicou que o clube deverá receber sanções, que poderiam ser ainda maiores caso a Lei Geral de Proteção a Dados Pessoais (LGPDP) já estivesse em vigor.”Por conta da nova lei de proteção de dados, que valerá a partir de fevereiro de 2020, haverá uma autoridade nacional que fiscalizará a lei e que poderia aplicar uma multa de até R$ 50 milhões por infração”, destacou o advogado.
Segundo Guilherme, ao perceber o problema, o consumidor tem procurar os órgãos responsáveis pelas investigações. “Primeiro passo é fazer um Boletim de Ocorrência, depois levar isso ao conhecimento da sua operadora de cartão de crédito, contestando essa informações, e logo depois bloquear esse cartão, senão o problema não será resolvido. Aconselho também levar o Boletim de Ocorrência no SPC e no Serasa para informá-los do caso” acrescentou.
Contestação da fatura
De acordo com o advogado, a contestação junto ao banco é tranquila. “Quando é um movimento atípico, o banco já encaminha a questão para o setor responsável, que fará uma análise, podendo estornar o valor ou excluir esse pagamento dos dados”, explicou. “Mas como o Athletico já divulgou uma nota explicando que realmente houve vazamentos de dados pessoais, esse documento deverá ser levado à operadora de cartão para dar mais peso à sua reclamação”, sugeriu Guimarães.