Uma polêmica envolvendo médicos, estudantes de medicina e a aplicação do Exame AMP (Associação Médica do Paraná) de Residência Médica vem tomando conta das redes sociais nos últimos dias. Diferentes participantes acusam a instituição de fraude e questionam a lisura do processo feito em Curitiba. A AMP nega qualquer irregularidade.

Na tarde da última quinta-feira (2), aconteceu a aplicação do Exame AMP em Curitiba, Cascavel e Londrina. Porém, na capital paranaense, os alunos relatam incidentes que poderiam até mesmo levar ao cancelamento da prova.

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À Banda B, uma médica recém-formada, que não será identificada, conta que é a segunda vez que presta o concurso. Ano passado, realizou a prova como “treineira” e, agora em 2023, para a especialidade que pretende exercer. 

Nas duas vezes fomos submetidos a circunstâncias de provas com um nível extremamente elevado, fora do padrão de provas para médicos generalistas.

Ela afirma que as questões aplicadas no Exame AMP eram iguais às aplicadas em provas de médicos especialistas, sendo que o concurso era para médicos que nem entraram para residência ainda. 

Diante disso tudo, nós médicos resolvemos nos juntar e ir atrás de meios formais e devidamente corretos para contestar toda essa situação. Afinal, nossa formação médica depende exclusivamente dessa instituição aqui no Paraná, visto que 90% dos hospitais são adeptos a esses exame. 

Estudantes questionam procedimentos adotados antes de prova ser executada

Outro recém-formado em medicina que participou do processo seletivo revelou que estava em uma das salas e viu o pacote de cadernos violado. 

A gente estava esperando, demorou um pouquinho e aí apareceu direto o presidente com os três pacotes na mão.

De acordo com um dos alunos ouvidos pela reportagem da Banda B, que também pediu para não ter o nome revelado, o presidente da AMP teria afirmado que o “rasgo era pequeno e não era possível ler o conteúdo, tampouco tirar a prova de dentro do envelope”. Após esclarecer o ocorrido, teria perguntado se alguém desejava conferir o pacote. 

Em seguida, conforme aponta um dos denunciantes, os fiscais teriam entregado as provas e, ao final da distribuição, um caderno teria sobrado, embora duas carteiras estivessem vazias. Segundo o aluno, o fiscal ainda questionou duas vezes se alguém estava com mais de um exame, porém a resposta para a pergunta foi negativa por parte dos participantes.

A denúncia ainda aponta que o presidente da AMP teria contado que foi pessoalmente buscar as provas na gráfica com o carro particular.

Em todo concurso é solicitado que 2 participantes se prontifiquem a ir até a frente da sala para averiguar os envelopes de provas e assinar uma ata, ciente de que os envelopes não estão violados, mas isso não aconteceu na minha sala.

Segundo o aluno de medicina, “os fiscais escolheram especificamente duas pessoas para assinar a ata e elas não mostraram o envelope para a turma, só concordaram com a ação e assinaram uma folha”.

Ele ainda afirma que já realizou três concursos durante esse ano e as condutas foram “totalmente diferentes” do Exame AMP.

Denúncias também questionam valores do processo

Outro estudante de medicina deu o relato à Banda B. Ele, que também não será identificado, questionou o valor de inscrição e a lisura do certame. 

Cada aluno pagou em média R$2,5 mil e eram 2.850 médicos realizando o exame. Se for colocar na calculadora, passa de R$5 milhões. Isso tudo para o presidente buscar a prova com o carro dele, completamente vulnerável?.

AMP apaga post no Instagram após repercussão negativa

Ainda na quinta-feira (2), o perfil oficial do Instagram da AMP realizou uma postagem em formato carrossel, com fotos dos alunos durante a prova e, até mesmo, um vídeo do presidente José Fernando Macedo conversando com os alunos enquanto segurava um dos envelopes.

Diversos participantes do concurso manifestaram a insatisfação com o Exame de Residência AMP, comentando sobre a possível fraude, a dificuldade de conteúdo e incidentes que aconteceram durante a realização da prova. Após a repercussão do caso, a AMP apagou a postagem e limitou os comentários nas redes sociais.

O que a AMP diz

A Associação Médica do Paraná, por outro lado, em nota postada no site e perfil oficial do Instagram da instituição, afirmou que “as irregularidades são infundadas”. Além disso, pontuou que qualquer candidato que se sentir prejudicado, pode entrar em contato com a banca da prova, através de um e-mail.

Leia o texto abaixo, na íntegra: