Curitiba 330 anos e o orgulho que os moradores têm do

bairro em que vivem

Na hora de comprar uma casa a localização é um dos principais critérios que levamos em conta. Se for perto da escola dos filhos, mercados…melhor. Quem mora no Alto Boqueirão sabe disso e valoriza. Por aqui, tem de tudo e ainda dá pra passear com a família no Zoológico de Curitiba, sem falar do Parque Iguaçu com muitas atrações.

Nilton Dionísio Rodrigues mora há dez anos no Alto Boqueirão e trabalha como guardador de carros no Zoológico de Curitiba. Ele considera que o Alto Boqueirão é local acolhedor e quer morar no bairro até o fim da vida.

Moradores que trabalham no Zoológico consideram bairro Alto Boqueirão acolhedor. Foto: Daniel Castellano / SMCS

“Aqui é o lugar da gente né. Eu moro há muito tempo aqui já. Me casei aqui e vou ficar até o fim da minha vida”, conta

Pensamento compartilhado por Benedito Firmino da Silva, morador do bairro e vendedor ambulante no Zoológico há 30 anos.

“Não ficamos ricos, mas dá para arrumar uns troquinhos. Já somos moradores há bastante tempo, é muito gostoso aqui no Jardim Paranaense. É muito 10, não é nem 10, é mil! Mais de mil!”

Lar dos imigrantes

Na foto, Rua da Cidadania do Boqueirão, que oferece vários serviços. Foto: Daniel Castellano / SMCS

E do Alto Boqueirão, nossa próxima parada é no vizinho Boqueirão! E esse nome hein?? No dicionário, Boqueirão significa “covão” ou até “grande boca”, mas no caso do bairro, o nome veio porque na região existia uma cova funda, apelidada pelos moradores de Boqueirão.

Começou em uma fazenda lá na década de 30 com a chegada de Menonitas, imigrantes russos que estavam em Santa Catarina e compraram uma fazenda na região. A aposentada Ana Rempel tem 75 anos e mora no Boqueirão há 46. Filha de pais ucranianos, construiu a vida na cidade e adora o bairro.

“Cidade muito limpa, limpa que eu nunca vi. Aqui na comunidade dos irmãos Menonitas todo mundo é próximo. Nós conversamos em alemão aqui e temos dialeto holandês que também falamos. Só que esse dialeto é dentro de casa. Fora do portão somos brasileiros”, contou

Bertoldo Friesen, de 60 anos, também é membro da Igreja dos Menonitas e costuma falar alemão no local. Seus pais vieram da Rússia em busca de uma vida melhor.

“Eu nasci aqui mesmo. No começo era tudo saca, fazenda, não tinha de movimento de automóvel. Essas ruas eram de saibro. Rua Cristiano Strobel não tinha nada”.

Lar da primeira-dama do teatro

Lala Schneider morou no Hauer. Na foto, a primeira-dama do teatro durante novela em 1991. Foto: Divulgação

Se estamos no Boqueirão, não custa nada dar uma passada no Hauer pra descobrir o que dá orgulho aos moradores. Antigamente, os curitibanos falavam ‘Vila Hauer’, hoje, não mais. É o bairro Hauer! Lá no fim do século 19, um imigrante alemão, chamado Robert Hauer, era dono de quase tudo na região. Depois que faleceu, os herdeiros receberam um pedaço da terra cada. Foi um dos filhos que deu o sobrenome da família para o loteamento.

Atualmente, se o seu Robert fosse vivo, certamente ficaria orgulhoso de tudo que a região oferece com todo tipo de comércio e fácil acesso ao transporte coletivo com a canaleta que cruza o bairro. Outro ponto positivo é de que o bairro tem várias opções para lazer. Você sabia que foi no Hauer que morou a primeira-dama do teatro paranaense Lala Schneider.

Bairro se desenvolveu muito nos últimos anos. Foto: Hully Paiva / SMCS

Em seus mais de 50 anos de carreira artística, Lala atuou em 99 peças teatrais, nove filmes e oito telenovelas. Em documentário produzido por ela em 1997, a atriz curitibana contou que se mudou para o Hauer em 1950, quando o bairro sequer era asfaltado.


“Ainda era um campo, banhado, não tínhamos ainda a Marechal Floriano asfaltada. Eu trabalhava no Serviço Social há dois anos e vim morar aqui no Hauer. Quando o teatro começou em 1950 eu já morava aqui. Consegui fazer teatro porque o Sesi montou uma condução, uma ONG para apanhar as moças em casa e levar em casa. Com isso, eu tive a licença da minha família para fazer teatro”, contou

Na época, Lala conversou com um motorista de ônibus que trabalhou no bairro de 1956 até 1983. Ele contou que os ônibus encalhavam com facilidade e outra curiosidade: tinha até vaca na rua.

“As vezes tinha que ir, parar, empurrar devagarinho, as vezes tinha passageiro que tinha que descer e espantar a vaca. Elas não tinham medo!”, diz

Como não ficar orgulhoso da história desses três bairros de Curitiba? A reportagem de amanhã da série especial dos 330 anos da capital do Paraná, vamos visitar o Vista Alegre, Cascatinha e o São João.