Versos quebram a tese quadrada de que cada macaco vive em seu galho. É por aí que Beduíno e Jaquelivre sustentam a Arte das Palavras (2021) single e clipe onde o MC convida a poetisa para ressignificar a liberdade, em um período onde a marginalidade artística tem incomodado a manada da politicagem.

Com capa registrada por Matheus Santos, o single está disponível em plataformas de streaming, e o clipe assinado pela Affluence Films foi divulgado pelo canal de Beduíno no YouTube. (Foto: Matheus Santos)

Disponível em plataformas de streaming, o single deixa claro ao que veio logo em seus 20 segundos: o lucro e a preexistência da arte; ressaltados pela drag queen Rita von Hunty. Para o educador artístico e produtor cultural, Beduíno, a música fala principalmente sobre consciência de classe.

Eu acredito que a gente atuar como classe, como grupo, é essencial para a transformação que a gente deseja, esmera o fundador da Batalha das Casinhas e do projeto Poesia Abstrata.

Arte das Palavras é um grito libertário sustentado pela democratização artística e repleto de questionamentos – ora autênticos e outros subjetivos – de quem realmente compreende o poder das ferramentas da tal “faculdade da vida“.

(…)
Registra o delito
Jovem artista aflito
Que não crê no mito
Que só gera conflito
Na corrida sem nitro
Lendo um livro do Nietzsche
Sim, discuto política
Arte há de ser crítica
(…)

Do soul ao funk, o boom bap produzido por Cabes ganhou filme com direção artística de Bernardo Jory e produção assinada pela Affluence Films.

Gravado na Cidade Industrial de Curitiba – região reconhecida pelo desenvolvimento das indústrias da capital paranaense – o clipe faz um contraponto estético, utilizando referências da revolução francesa – pelos figurinos utilizados por Beduíno e Jaquelivre – e características da luta trabalhista – simbolizadas a partir da paleta de cores.

O flerte entre a música e a palavra é visceral na trajetória de Beduíno e Jaquelivre. Tanto que, no início do ano, os artistas se encontraram no palco do Teatro Paiol. Saiba mais abaixo! (Imagem: Divulgação)

Segundo Jaquelivre, além da música também se enquadrar no momento histórico, a cantora e compositora ressalta o quanto a cena artística tem sobrevivido diante da pandemia.

Essa música faz sentido dentro do momento histórico que a gente estava vivendo quando ela foi escrita. A pandemia já tinha acontecido, a gente já estava em isolamento fazia um tempo, os artistas estavam em situação de emergência… Estão até hoje, mas não havia ainda nenhuma lei emergencial, reflete a cofundadora do Slam das Gurias CWB e autora dos livros 7 de Vulvas e Coletânea Slam das Gurias – Vozes Que Ecoam.

Outras dobradinhas e projetos

Recentemente, Jaquelivre também foi convidada por Beduíno em outra dobradinha. O MC lançou no início do ano em seu canal do YouTube o registro audiovisual completo do show Música Popular Beduína no Paiol.

Gravado ao vivo, no icônico Teatro Paiol – em Curitiba – com direção musical do multi-instrumentista Renan Loop, com 16 faixas, em O Tempo/Clareou, além de Jaquelivre, o MC convida especialmente Caco, conhecido na cena musical por ser frontman da banda Notívagos.

Ainda este ano, Beduíno lança seu segundo álbum, chamado O Lado Bê Do Hino, com previsão para agosto. E na música, Jaquelivre faz seu début como artista solo no projeto intitulado Faísca.