“Em 2015, quando eu lancei o ‘Sob a Tempestade’, eu realmente já estava sentindo que a tempestade se aproximava. Mas eu não imaginava que seria um desastre natural tão grande”, reflete o rapper curitibano sobre o álbum antecessor de Capitalista Pobre (2020).
Capitalista Pobre é um álbum que deixa claro o contexto da obra logo de cara. Tanto pelo nome, e também, no prólogo, com os mashups de Piruetas (1981) do Chico Buarque e, na sequência, em Pobres Capitalistas, com Ex-quadrilha da Fumaça (2000) do Planet Hemp.
O álbum, lançado há poucos dias, sucede o Sob a Tempestade, de cinco anos atrás. Embora, ambos distintos quanto obra, se assemelham no discurso sobre a esperança e, mesmo que tênue, às amarguras das distopias sociais.
Com dez faixas, o segundo álbum de Cadelis traz as produções musicais assinadas por Dario, Spektro, NAVE e Cabes, com os scratchs do DJ Morenno Mongelos. O rapper, é um dos principais nomes da atual cena do hip-hop. E desde o primeiro álbum, as parcerias realizadas entre artistas é uma das ressalvas em suas obras.
“Eu acredito que as parcerias não devem ficar apenas nas trocas de favores. Os artistas devem ser pagos pra que exista a movimentação financeira que vai fortalecer às cenas”, deixa claro.
Entre os destaques de Capitalista Pobre, a ruptura – necessária – em uma cena musical machista, no feat. com o artista afro-queer, Siamese ganhou clipe futurista e cenário em 3D, com direção de Willian Klimpel, para a faixa Onda (Cadelis/Siamese).
“Na minha parceria com o Siamese eu tive alguns ‘unfollows’ de pessoas com a mente mais fechada. Porém, ninguém que faça falta. A resposta do público do RAP foi muito boa, além da música ser muito bem produzida, tem um clipe muito bonito. Então, a qualidade de todo esse trabalho falou mais alto”, e realmente, assim como sugere o rapper, o clipe é um dos principais trabalhos lançados na cena musical, principalmente, em Curitiba.
Outro ponto alto do álbum, é para a faixa Sob a Proteção de Alá com produção de Dario e NAVE Beatz. Na letra, segundo Cadelis – composta já há alguns anos – ele faz o contraponto essencial de toda a obra. E muito além da poética e denuncia social explícita no projeto, o rapper faz o prólogo da sua vida:
A gente busca viver bem não é só por grana/ tamo no corre sem tempo pra drama
se eu não for pro mim/ quem é que vai ser/ sei lá
é só eu e Alá/ porque ninguém é meu dono
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