Herói obscuro e figura icônica de Manchester, Mark E. Smith, morreu na manhã desta quarta-feira em sua casa. O criador, vocalista e único constante membro da The Fall lutava contra problemas respiratórios e de garganta e teve que cancelar uma pequena turnê pelos EUA em agosto do ano passado.

A notícia triste foi dada pela empresária da banda Pam Vander. “É com profundo pesar que anunciamos a morte de Mark E. Smith. Ele morreu esta manhã em casa. Uma declaração mais detalhada será divulgada nos próximos dias. Enquanto isso, a família de Pam e Mark solicita privacidade neste momento triste”, diz a nota nas redes sociais.

O filme A Festa Nunca Termina fala de um show dos Sex Pistols, em 1976, organizado por integrantes da Buzzcocks, em Manchester. Steve Coogan, que interpreta o empresário e jornalista Tony Wilson na cinebiografia, diz que apenas 42 pessoas compareceram à apresentação, mas que todas elas se alimentaram do poder, da energia e da magia da noite para realizar coisas maravilhosas. Ele cita Simply Red, Joy Division e New Order e o produtor Martin Hannett como produtos daquele espetáculo esquisito, mas Smith também estava na plateia e formou a The Fall pouco tempo depois, inspirado por Johnny Rotten e seus companheiros.

Abaixo você pode ouvir o show inteiro e também se inspirar

Mark E. Smith era tão prolífico quanto difícil. Ele foi o único integrante permanente nos 42 anos e 32 discos da The Fall. Entre as 66 pessoas que dividiram estúdios e palcos com ele estão a ex-mulher Brix Smith Start, que esteve casada com ele entre 1983 e 1989, e a viúva Eleni Poulou, que permaneceu na banda de 2001 até 2016.

A The Fall pode não ter o mesmo reconhecimento de outras bandas de Manchester, mas com certeza é um dos grupos com obra mais extensa da música. Para se ter ideia, os Rolling Stones, com mais de 50 anos de carreira, têm menos discos que o projeto de Smith.

O compositor e vocalista tinha uma produção exaustiva, por vezes com mais de um disco por ano, e por isso ajudou a construir o que ficou conhecido como o pós-punk, que depois se dividiria entre outros populares estilos como o gótico, a new wave e as músicas eletrônicas que ganharam notoriedade com as raves britânicas.

Vários artistas, como o ex-companheiro de banda, Marc Riley, o compositor Billy Bragg e a banda Gorillaz- projeto de Damon Albarn, do Blur, com quem Smith colaborou na música Glitter Freeze- prestaram homenagens.

“Me ensinou muita coisa sobre a vida e sobre música”, disse Riley. No Twitter, Bragg lamentou: “Primeiro perdemos Ursula Le Guin, depois Hugh Masekela, agora Mark E Smith; é uma semana difícil para os ícones culturais”.

A página da Gorillaz no Facebook compartilhou um vídeo ao vivo de Glitter Freeze com a seguinte mensagem: “Deus nos ajude. Descanse em paz, Mark E. Smith”.