Ele tem 18 anos de idade, e 13 de carreira. É com esse esforço que Hugo Henrique lançou, nesta quinta-feira (4), sua nova música de trabalho. Desperdício, gravada com Matheus e Kauan, é a última música a ser lançada do projeto Virada de Chave, DVD que foi gravado no ano passado e que marcou também a “virada” para a maioridade do jovem cantor.
Numa pegada de sofrência das fortes, mas de um jeito mais fofo e sem bagaceira, Desperdício retrata a história de uma pessoa que tenta seguir a vida, mas não consegue, pois ainda pensa no seu último amor e não quer desperdiçar o tempo de outra pessoa. Basicamente, a música trata de um assunto delicado, mas com todo o respeito que merece, mostrando aos admiradores do sertanejo que é possível ouvir um som “para curar o coração” mantendo a “fofura”.
À Banda B, Hugo Henrique disse que esse sempre foi o objetivo dele: tratar dos assuntos do coração, ser romântico, mas sempre mantendo o respeito.
“Tratando o assunto, independente do assunto que seja, mas de uma forma um pouco mais carinhosa, um pouco mais doce, com mais respeito. E acho que Desperdício fala bem daquilo que eu sou, daquilo que eu sempre escrevi, que eu defendo. Então é uma música que também fala de uma história que muitas pessoas passam”.
Hugo disse que tratar da sofrência com carinho o faz entender também seu caminho no gênero musical.
“Eu amo esse tipo de música que fala que fala desses assuntos, com esse respeito que fala Desperdício. É algo que em todo o repertório, em todas as músicas, eu sempre vou buscar trazer”.
Em um ambiente musical que estamos acostumados a ouvir “pegação”, a nova música de Hugo expõe a fragilidade que pode, sim, existir numa letra de sertanejo, sem precisar apelar. O cantor disse que é nisso que acredita.
“É algo que eu até defendo bastante. Não falando mal das outras músicas, tanto que eu acho que um projeto, um DVD, com 12 músicas inéditas, tem que ter um pouquinho de tudo né? Então a gente tem que diversificar bastante quando o assunto é repertório e a gente tenta fazer isso ao máximo. Mas desde as minhas primeiras composições até hoje, eu sempre segui muito essa linha romântica e sempre falando das coisas dessa forma, sabe?”.
O poder da parceria
A música foi gravada com Matheus e Kauan, que estão em atividade desde 2010 e costumam acolher novos nomes (no caso de Hugo, nem tão novo assim). O cantor comentou que a parceria musical é extremamente importante, tanto de um lado, como do outro.
“Eu acho que as parcerias na música são essenciais, até porque eu acho que ninguém chega em lugar nenhum sozinho e na música não é diferente. A gente precisa de pessoas que estão do nosso lado e pessoas que nos ajudam realmente”.
Na ativa há 13 anos, Hugo lembrou que, ao longo da história na música, já teve apoio de muitos nomes que já eram grandes quando olharam para ele. E isso trouxe ainda mais força.
“Na minha carreira fui abençoado com muitas pessoas que me ajudaram demais. O próprio Cristiano Araújo, a Marília Mendonça que gravou música comigo, gravou minha primeira composição, e tantas outras pessoas que chegaram para somar. Da mesma forma hoje, sempre que eu posso, se eu vejo essa oportunidade de poder estar somando também de alguma forma na carreira de outra pessoa, eu também tento fazer o mesmo que foi feito comigo. Porque eu acho que isso é muito importante”.
Virada de Chave
O projeto de Hugo Henrique, gravado no ano passado e que foi aos poucos disponibilizado para o público, foi batizado de Virada de Chave. O DVD marcou uma nova etapa da carreira do cantor, que assinou com a Universal Music.
Sobre as “viradas de chave” que já teve ao longo destes mais de 10 anos na música, ele lembra de vários momentos. Inclusive o primeiro deles.
“Tiveram algumas. Acho que a primeira virada de chave foi o programa do Raul Gil. Eu entrei no programa do Raul Gil com seis anos de idade e eu falo que foi uma virada de chave porque muitas pessoas passaram a me conhecer ali. É um programa que tem muita visibilidade, eu fiquei bastante tempo, quase dois anos, na competição. Então ali foi uma virada de chave pra mim”.
Outro momento marcante foi exatamente uma parceria musical. Provando a importância da colaboração no meio, seja entre artistas do mesmo gênero, como também a diversificação.
“Uma outra virada de chave foi ter gravado junto com o Cristiano Araújo. Marcou demais a minha carreira e me ajudou muito. Com certeza foi um grande empurrão na minha carreira. Me ajudou demais. Minha assinatura de contrato com a Universal Music foi a minha última virada de chave. A gravadora gigantesca, que agora faço parte. Então foram algumas viradas de chave aí na minha carreira até hoje”.
O DVD, que se encerra a divulgação com o lançamento desta quinta-feira, marcou também a maioridade de Hugo. O projeto foi ainda mais especial, mostrando bem mais o lado compositor do cantor.
“Eu fiquei um ano compondo muito, me dedicando 100% a esse projeto. E tem bastante composições minhas. De 12 inéditas, 9 são autorais, então é um projeto bem a minha cara […]. É um DVD muito especial, que marcou. Gravei no dia do meu aniversário de 18 anos. Marcou muitas coisas aí pra minha carreira”.
Reinvenção do sertanejo
O cantor, que já percorreu muitos bastidores Brasil afora, avalia que o sertanejo aos poucos tem conseguido se reinventar. Principalmente na internet.
“Não só o sertanejo, né, mas em todos os os meios musicais, a internet veio para acelerar muitas coisas. Então hoje em dia as músicas estão com timing muito mais rápido. O que antigamente demorava, sei lá, uma música que você podia trabalhar o ano inteiro, hoje em dia você só tem dois meses pra trabalhar, porque daqui dois meses aquela música já foi consumida ao máximo e o pessoal já enjoou e você tem que lançar outra”.
Esse “consumo exagerado” dos ouvintes é um dos fatores que, na avaliação do cantor, tem feito com que cada vez mais os cantores busquem pela reinvenção.
“Eu vejo que as pessoas tentam cada vez mais se reinventar. Tem músicas que têm um timing mais rápido porque elas têm menos conteúdo. No sertanejo eu vejo que as pessoas ultimamente vem se preocupando mais com a qualidade das letras, com a qualidade da dos instrumentais, e isso faz com que as músicas durem mais tempo, que as pessoas consigam consumir aquilo por mais tempo. Mesmo assim, é um tempo bem rápido, mas o sertanejo ainda são músicas que duram mais, que têm um período de duração, e a gente consegue trabalhar mais tempo essas músicas”.
Até onde ir?
Aos 18 anos, Hugo Henrique tem sonhos, mas entendeu desde já a importância de ser dono do seu próprio trabalho. É ele quem participa de todos os processos, do começo ao fim, ainda que nem sempre esteja por trás das composições.
“Eu acho que isso facilita muita coisa, ajuda muita coisa […]. Quanto mais o artista puder, apesar da correria, fazer parte da criação, se jogar na escolha do repertório, na parte de produção musical, eu acho que o projeto tende a ficar melhor ainda”.
Por eu ter começado muito cedo, Hugo sabe que teve muitas coisas que atrapalharam sua carreira, mas confessa também ter tirado de letra. Os estudos, por exemplo, ainda que aos trancos e barrancos, fez questão de abraçar e conseguiu terminar. Olhando para o futuro, ele já sabe onde quer chegar. Mas tem os pés no chão.
“Daqui um ano cara eu quero estar estar num patamar mais alto. Esse DVD Virada de Chave foi muito especial, mas eu quero que o próximo seja mais especial ainda. A gente está se planejando para gravar aí nos próximos meses, vem grandes participações, vem músicas inéditas. Então pô, daqui um ano quero estar com alguma música no TOP 50 Brasil, vai, uma meta”.
Passagem por Curitiba
No último dia 29 de abril, Hugo fez seu primeiro show em Curitiba, na Shed. A experiência foi a melhor possível, segundo o cantor.
“Tenho meus familiares que são de Joinville, que é mais ou menos perto, então foi todo mundo para esse show, mas foi a primeira vez, não tinha ido ainda, já tinha passado por Curitiba, mas nunca tinha parado pra conhecer a cidade, que é uma cidade linda, e nunca tinha feito show também. Então foi o primeiro, primeiro de muitos, se Deus quiser”.
O cantor disse ter ficado impressionado ao ver o público cantando não só as músicas antigas, mas também as novas.
“Fiquei muito feliz, fui muito bem recebido na Shed, o show foi muito massa. Fiquei muito feliz em ver que as pessoas conhecem, o pessoal cantando as minhas músicas desde as mais antigas até as do meu último trabalho, então fui muito bem recebido em Curitiba e, pô, já quero voltar logo”.