Ouça aqui a coletiva completa:
Com mais de 30 anos de carreira, é possível trilhar o próprio caminho, abrir mão de alguns “egos” e fazer o que gosta por simplesmente gostar. E estar completamente realizado por isso. É assim que podemos definir o atual momento de Junior, que lançou Solo — Vol. 1, seu disco de estreia na carreira solo. O projeto, cheio de referências da música pop dos anos 80 e 90, veio para mostrar quem é o cantor em sua mais pura essência.
O lançamento de Solo — Vol. 1 foi no domingo (29). O disco veio com 10 faixas e é a primeira parte de um projeto que terá, ao todo, 23 músicas. Num lançamento digno do nome que ele tem, Junior teve direito a reportagem completa e clipe sendo exibido no Fantástico.
Nesta segunda-feira (30), em coletiva de imprensa, Junior comentou um pouco mais sobre o processo que levou até chegar em seu primeiro projeto na carreira solo. Embora venha numa pegada de “artista grande”, ele diz que não se prende a isso.
“Eu não sei pensar assim, acho que seria muito difícil, não tenho essa manha de fazer o som para ‘esse público específico’. Nesse projeto eu fiz pensando no meu gosto acima de qualquer coisa, confiando que iria vir uma galera comigo, que alguém iria se identificar”.
Junior contou que o disco reflete bem o que ele é como artista. Isso porque não é novidade para ninguém o poder musical que conquistou ao longo dos anos, que vai muito além de “só cantar”: Junior aprendeu e se mostrou um ótimo instrumentista, um produtor em sua essência.
“Eu entendi que para eu fazer esse projeto ter o sabor que eu queria que ele tivesse pra mim seria muito importante eu estar conectado com as minhas vontades, com o que eu gosto. Eu fiz o disco que eu queria ouvir. É o tipo de som que eu adoraria consumir se eu me deparasse com esse CD pelo caminho”.
Fazendo uma direta comparação à carreira solo de Sandy, que já chegou a declarar que faz seus projetos para o público que a quiser, Junior concordou. Até mesmo pelo tempo de carreira lhe permitir chegar nessa fase.
“Quem vier, eu vou estar de braços abertos. Quero mesmo o público que me quiser, eu não entro no lance de escolher, não. O principal objetivo é me realizar com o trabalho e oresto é consequência. Me sinto no direito de pensar dessa forma nesse ponto da minha carreira”.
Influências musicais
Apresentando um disco de estreia que pode ser descrito como pop adulto, Junior também permite que seu estilo musical se misture com suas influências. O artista contou que buscou referências em outras décadas.
“Me influenciei por décadas, do que por bandas e nomes específicos. Sabia que esse disco tinha que ter espaço para brincar com os sintetizadores, que é o que eu gosto muito. No início, quando comecei pensar o disco, sabia que queria fazer pop, que tinha que ter sintetizador, instrumentos orgânicos que ue gosto de tocar, que me seduzem musicalmente, e pensando fui atrás das décadas que mais me encantam: final dos anos 70, 80, anos 90, se eu pegar os temperos de cada uma dessas fases eu consigo ter espaço para os sintetizadores, etc”.
Desde quando se separou de Sandy, em 2007, Junior sempre mostrou ser um artista que segue um caminho mais oposto ao da irmã quando o assunto é composição e conteúdo musical. No disco Solo isso fica ainda mais claro.
É quando questionado sobre nomes que o influenciaram, que Junior cita alguns exemplos e deixa ainda mais claro suas referências.
“Eu tenho os meus heróis principais, mas eu ouço muita coisa,citando os principais: Prince, Michael, Queen, Led Zeppelin, Daft Punk”.
Se pudesse escolher uma canção da primeira parte do disco para defini-lo, Junior usaria a música escolhida como single: De Volta Pra Casa.
“Sinto que ‘De Volta Pra Casa’ dá uma boa pincelada no que o disco vai trazer, passeia por várias fases, tem momentos diferentes, andamentos diferentes e é uma letra bastante pessoal. Então, se tiver que escolher, meio que já escolhi ao fazer essa escolha como a primeira. Mas ela é só uma parte, porque no final de tudo vai virar um disco com 23 faixas”.
Sandy por perto
Os irmãos podem ter se separado, mas nunca deixaram de evidenciar que, por serem irmãos e estarem seguindo caminhos parecidos, estariam sempre juntos. Não foi diferente dessa vez.
No novo disco, Junior contou com participação de Sandy em uma das músicas. A canção, chamada Foda-se, é como um grito de liberdade para tudo que ele poderia ter guardado dentro de si ao longo dos anos. E ela também.
“A participação acabou acontecendo de forma muito natural, eu gravei o disco no estúdio da casa dela, então a gente estava lá direto, eu a via com frequência. No processo, a música já tinha essa estética desde o início, e aí nessa parte em que a Sandy acabou botando a voz era eu que estava cantando, abrindo um acorde de voz, e aí o Vassão, que é um dos co-produtores sugeriu. Tínhamos falado sobre como é interessante quando se junta a voz de irmãos, a química. Na hora achei muito massa, falei com ela, ela adorou a ideia e desceu em algum momento e gravou. Já tinha as vozes todas, ela só gravou a parte dela e foi bem rapidinho. Tenho esse momento filmado, registrado”.
Sandy, por sinal, pode ter sido um dos pilares que, indiretamente, fez com que Junior pudesse se rever como profissional: o cantor revelou que a turnê Nossa História, que celebrou os 30 anos de dupla em 2019, o fez entender muita coisa.
“A turnê foi muito reveladora, me ajudou a clarear a visão para muita coisa, passei a me entender muito melhor e é importante a gente se conhecer para poder criar de fato. Sinto que esse click veio ali”.
Sobre tudo que viveu até aqui, Junior foi enfático em dizer que não guarda mágoas. A idade também o faz enxergar tudo de outro ponto de vista.
“Estou perto dos 40, tem uma hora que a gente entende o que importa e o que não importa. Na turnê, em 2019, eu tive grande oportunidade de fazer as pazes com muita coisa, não sei se eu tenho mágoas ainda, eu tenho muitas cicatrizes”.
Vem turnê aí?
Crescendo nos palcos, é inegável dizer e pensar que o principal objetivo de Junior é sair pelo Brasil com seu novo projeto. E ele revelou que realmente já tem planos. Mas ainda não sabe como vai ser esse show.
“Ainda não parei para pensar no show, obviamente ao longo do processo eu pensei, muitas músicas enquanto criava arranjo eu me sentia lá com as pessoas cantando comigo. Mas parar para planejar o show, criar em si, eu não tive esse tempo”.
Sobre quando será essa primeira turnê, Junior é sincero: ainda não sabe, talvez demore um pouco mais.
“Ainda tenho a parte dois [do projeto] para finalizar, isso deve levar um tempinho. Pretendo lançar a próxima parte no primeiro semestre do ano que vem, e aí sim vir com o show”.