
Se você espera um álbum que retrate aos ecos o bacanal tupiniquim superestimado das paixonites, nem se dê ao luxo de mudar a frequência. O novo álbum de Enzo Banzo – Amor de AM – vai do melô da garçonete ao fundo do copo sem pestanejar.
Amor de AM (Matraca Records/YB Music) é de longe, aquele trago fatídico onde se contempla sem soluçar. Com nove faixas pontuadas poeticamente por botecos, cerveja gelada, devaneios e todas as burrices profundas cometidas por alguém que, certamente, foi até a última dose da paixão num balcão qualquer, é por aí que Enzo Banzo reflete seu livre arbítrio do amor com o novo álbum.
Assim como uma boa canção brega sobre afetos e fascínios, é claro que Amor de AM nasce na mesa de um botequim. E nesta junção frutífera, o mineiro Enzo convidou o paulistano Gustavo Galo para brindar a faixa que dá nome ao álbum.

“A palavra Amor começa com AM, igual a frequência de rádio que atravessa os rincões do Brasil, e que tem dentre suas essências a veiculação de canções amorosas, dessas nas quais o ouvinte reconhece a própria história, se reconhece”, constata.
Se a toante de Amor de AM é pautada pelo ar setentista pop-rock-brega, a produção musical do Saulo Duarte – responsável também pelo Canção Escondida, álbum de estreia de Enzo, em 2017 – propicia esse universo de maneira complementar.
Não bastasse a junção masculina essencialmente confabulada entre Saulo e Enzo, o novo álbum foi gerado quase que de bar em bar, de mesa em mesa.
“Cruzar o Norte-Nordeste com Minas, passando por São Paulo, foi algo que acabou acontecendo no disco. Saulo Duarte, que é paraense – e passou boa parte da vida no Ceará -, é o produtor do álbum e trouxe muitas referências de lá. Fizemos a produção na casa do Victor Bluhm, baterista que é cearense. Rendeu um divertido clima Ceará-Minas na Vila Madalena [bairro paulistano] que acho que repercute no disco”, insinua.

Todos os homens de Amor de AM
E é claro, na simultaneidade famigerada da banda Porcas Borboletas onde Enzo está há mais de vinte anos ao lado dos despudorados e autênticos moçoilos – que celebram quatro álbuns autênticos na discografia da música brasileira – entre eles, Danislau – vocalista e compositor na banda – assina a composição de Olhando Longe que chegou em single para promover o álbum.
Outros homens essencialmente sensíveis em denotar seus ardores em Amor de AM consolidam o projeto: Diego Mascate em Seu – faixa que encerra o álbum – e a dobradinha entre Enzo e André Mourão em Embriagados de Amor.

Delicado, afetivo e dolorosamente seleto em seu alter ego. Enzo Banzo vai do soturno ao doce e irônico cotidiano do seu metiê, como explicita em Cantor e a Garçonete.
mas num sorriso bem discreto a gente solta as mãos
enquanto afino a instrumento
ela prepara o balcão
já começou o movimento
escolho uma canção
e canto pra ela dançar
com a bandeja na mão
e dança minha linda garçonete
o seu cantor é seu tiete
esquece dele aqui não
a noite é longa
mas quando acaba podemos brindar
contamos juntos o pagamento com o dono do bar
pra ela vão as gorjetas
e vem pra mim o couvert
(trecho da composição O Cantor e a Garçonete de Enzo Banzo)
A virilidade emotiva de Amor de Am também é acrescentada por Pedro Vinci e Fernando Rischbieter na gravação, mix e master. Além de todos eles, Victor Bluhm (bateria), João Leão (teclados) e a part. especial de Diego Mascate consolidam a hombridade no álbum. E pra não dizer que não falei das flores, reverberando de forma genuinamente estrondosa, a percussionista Nath Calan.
Amor de AM está disponível em plataformas de streaming e também pode ser adquirido em formato físico pela campanha de financiamento colaborativa. Além do álbum, há combos com camisetas, livros entre outros projetos de Enzo. Saiba mais aqui.
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Enzo Banzo e a sutileza brega do seu pop-rock em ‘Amor de AM’
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