Sempre coesa, Juçara Marçal vai ao córtex carioca, e expande o cartão postal além da almofadinha zona sul. Em grito, ela anuncia “Crash(Rodrigo Ogi), o primeiro single e clipe do novo álbum previsto para setembro. “Delta Estácio Blues” é fruto da parceria dela com Kiko Dinucciresponsável pela co-produção do segundo disco de estúdio de Juçara.

O lançamento realizado pela Natura Musical, QTV Selo e Mais um Discos reúnem a potência do que deve chegar pelas plataformas de streaming. Sintetizadores, programações, samplers e texturas, conotam a atmosfera de “Delta Estácio Blues” onde Juçara Marçal é protagonista de cada fase criativa do novo projeto que, ainda, traz o elemento chave de pesquisa: as variações e investigações do próprio canto e voz da carioca de Duque de Caxias.

(Foto: Pablo Saborido)

O cantor e compositor paulista Rodrigo Brandão foi um dos primeiros a receber as bases que Juçara e Kiko estavam delineando para “Crash“. E deste encontro empírico, a música nasce. Leia o post!

https://www.instagram.com/p/CTUvDorr3GV/


Com vozes gravadas no Estúdio Minduca (SP), com mix de Renato Godoy e master do Felipe Tichauer vencedor de diversos Grammy – a concepção da capa do single “Crash“, traz a artista visual e ilustradora Manuela Eichner a partir das fotos de Aline Belfort.

“‘Crash’ é ataque surpresa, colisão. É grito de vingança. É usar o poder da raiva com astúcia. A base bombástica, pesada, é de Kiko Dinucci. Os versos contundentes são de Rodrigo Ogi, capaz de aliar com precisão e naturalidade Kill Bill, orixá Ogum guerreiro, cenas de HQ, como metáforas do destemor e da violência estratégica”, abrange Juçara.

O clipe de “Crash“, transformado em imagem pela skateboarder e filmaker Naju é quase um plano sequência, marcado por personagens prontos para o combate e pro salto, segundo Juçara Marçal.

Fiquei muito impressionada com a forma como Naju filma: imagens ágeis, feitas na vertical, para serem vistas na tela do celular. Tudo muito atual, acelerado, urgente. O conteúdo também é algo que impacta. Ela retrata um Rio de Janeiro diferente daquele mais conhecido: o Rio Zona Sul, de belas praias, cartões postais do Brasil, cenário que imediatamente nos leva ao som da bossa nova. O Rio de Janeiro de Naju é o da periferia, é marcadamente negro, é fervilhante… é o Rio do choque de realidade, do jeito de corpo moldado pelo revés, pronto pro embate e pro salto. E o fato de Naju ser skatista não é mera coincidência, investiga Juçara.

(Foto: Pablo Saborido)

Para Naju, a ideia principal é mostrar a rua, a agitação suburbana que acontece conforme a batida da música. Tendo como protagonistas pessoas em situação de vulnerabilidade, revelando a invisibilidade do morador de rua, sobretudo por conta do aumento em grande proporção de pessoas nessa situação nos últimos meses.

A ideia das máscaras é passar uma perspectiva artística, e também uma forma de abordagem nas pessoas em que cheguei, tranquilizando elas por não estarem aparecendo seus verdadeiros rostos, mas também sendo uma forma de quem tá na rua protagonizar o projeto”, estampa Naju.

Tulipa Ruiz, Siba, Rodrigo Campos, Maria Beraldo, Douglas Germano e Catatau são alguns dos parceiros que integram o “Delta Estácio Blues”. O álbum, tem como mote a música eletrônica fora dos clichês e gêneros já conhecidos. Propondo novos cenários, investigações rítmicas e buscando um diálogo com o pop, sem deixar de lado a inquietude e a ligação estreita com a música brasileira.

(Foto: Pablo Saborido)

Agradecimentos: Build Up Media