Após temporadas de sucesso no Rio de Janeiro e em São Paulo, Gabriela Duarte chega a Curitiba neste fim de semana, sábado (11) e domingo (12), no Teatro Regina Vogue, com seu primeiro monólogo, O Papel de Parede Amarelo e Eu, um espetáculo intenso, político e surpreendentemente atual. As apresentações prometem emocionar o público com uma história escrita há mais de um século, mas que segue pulsando com urgência. Veja a entrevista completa abaixo.

Inspirado no conto “O Papel de Parede Amarelo”, da escritora norte-americana Charlotte Perkins Gilman, publicado em 1892, o espetáculo retrata uma mulher confinada em um quarto pelo marido, sob o pretexto de cuidar da saúde. Sozinha, ela passa a desenvolver uma obsessão pelo papel de parede que a cerca — metáfora para os limites, imposições e silenciamentos que as mulheres enfrentam há gerações.
“É uma atualidade assustadora se tratando de uma história que foi escrita no século XIX. Enfim, acho que essa é a beleza do teatro, é poder contar para o espectador a trajetória de onde viemos, em que ponto estamos, para onde estamos caminhando, como sociedade, como seres humanos. É uma característica muito bonita e muito forte da dramaturgia. E eu acho que é o que nos conecta mesmo como seres humanos”
comenta Gabriela sobre a força da peça.
A atriz reflete que a escolha do texto vai além da estética ou da atuação: é um gesto político e humano.
“Eu acho que a escolha desse texto tem que estar muito ligada a essa vontade de mostrar ao público como que a gente evoluiu, mas como a gente ainda tem o que evoluir.”

Gabriela explica que a peça fala de saúde mental e de papéis impostos pela sociedade, temas que ganharam nova relevância após a pandemia.
“É uma peça que fala bastante sobre saúde mental, sobre ocupar lugares que não foram uma escolha sua, que às vezes são escolhas impostas por outras pessoas, por pai, mãe, marido, mulher, amigo, enfim… existem diversos cenários nesse sentido e até que ponto a gente quer continuar seguindo aquele padrão?”
reflete Gabriela Duarte.
Mesmo com um tema denso, o espetáculo também oferece leveza e momentos de humor.
“Acho que em épocas mesmo de pós-pandemia e tal, o texto traz uma coisa muito atual e muito forte, uma mensagem bastante impactante. Mas também nada com que a pessoa não consiga também se divertir. O texto tem seus momentos ali onde você consegue dar risada. E até ri de si próprio, a gente ri da gente mesmo. Isso é maravilhoso”
avalia.
Veja a entrevista completa:
Com direção de Alessandra Maestrini e Denise Stoklos — esta última uma referência internacional nas artes cênicas e paranaense de Irati —, a montagem é um diálogo entre gerações e linguagens. A peça une a força poética de Gilman com a presença magnética de Gabriela em cena, resultando em um espetáculo que é, ao mesmo tempo, delicado e devastador.
“O Papel de Parede Amarelo e Eu” foi indicado ao Prêmio Shell de “Melhor Cenário” e, em São Paulo e no Rio, teve sessões lotadas e elogios da crítica. Agora, o público curitibano poderá conferir de perto essa entrega total de uma atriz que vive talvez o momento mais intenso de sua carreira.
Uma nova fase
“O Papel de Parede Amarelo e Eu” marca uma nova fase na carreira de Gabriela Duarte — mais sensível, autoral e vulnerável. Aos 50 anos, a atriz se desprende das “mocinhas” da TV e abraça uma fase de liberdade artística.
“Acho que tudo isso que você falou e acho que com mais autonomia para falar as coisas que eu realmente acredito e as coisas que eu gostaria mesmo de poder falar. As coisas que eu acho relevantes. Acho que é uma fase onde quando você mostra força, você também mostra vulnerabilidade, quando você mostra coragem, você também mostra medo. No final das contas é uma fase nova, é uma reinvenção”
conta Gabriela Duarte.
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O público, segundo ela, tem recebido essa mudança com carinho e curiosidade.
“Acho que o público tem aceitado muito bem essa nova fase, que já não é mais as mocinhas, as boazinhas, que eu amava fazer. Mas eu acho que a maturidade também traz uma visão diferente da vida”
conclui a atriz.

Serviço
O Papel de Parede Amarelo e Eu em Curitiba
Onde: Teatro Regina Vogue (Shopping Estação)
Quando: 11 e 12 de Outubro / sábado 20h / domingo 19h
Quanto: ingressos a partir de R$70. Venda pelo Disk-Ingressos.