Já imaginou completar 80 anos e na tua festa ter um show de Arnaldo Antunes? Certamente quem foi à Pedreira Paulo Leminski no último sábado (24) não só teve a chance de comemorar o legado e a história de um dos nomes mais importantes para a nossa poesia, como também sentiu a presença dele ali. Assim podemos resumir o evento que celebrou os 80 anos de Paulo Leminski.

O festival, que foi planejado para receber nomes que sempre tiveram alguma ligação com o poeta e compositor curitibano, foi na verdade uma grande festa. A celebração que Leminski sempre mereceu. 

“Uma das coisas que eu não consigo deixar de pensar, é que ele seria a pessoa que mais estaria curtindo essa festa, com essas bandas e essas pessoas”, disse Estrela Leminski, filha do poeta e compositor.

A Pedreira Paulo Leminski, ao longo dos anos, se tornou um dos lugares mais ecléticos para os grandes eventos. Não foi à toa que o ambiente não poderia ser outro para a comemoração: é a própria representação de Leminski. 

“Meu pai veio de muitos movimentos: literários, musicais, e ele foi um cara que provou que a gente não precisa ser de um movimento X ou Y, que a gente pode aproveitar todos os repertórios. Ele fez isso antes da internet, foi um cara que sentou uma vez na frente do computador, mas ele era tão profundo conhecedor de história, de cultura e de comunicação que é impressionante como as coisas que ele falou 35 anos atrás parecem atualíssimas”. 

Referências eternas

Uma das participações do festival foi Zeca Baleiro. O maranhense considerou a referência de Leminski como algo que está praticamente no subconsciente de quem consome poesia, e também em quem compõe canções.

“Leminski é um cara pioneiro em muitas coisas, é precursor de muitas coisas. É típico dessa gente que vem como meteoro. Vem, parece que pra dar um recado rápido, parte e deixa um rastro poderoso, potente. Ele influenciou muito a minha geração, nos anos 80 eu tinha 20 e poucos anos e a gente foi muito alimentado pela poesia do Leminski, pela Alice Ruiz”

avaliou Zeca Baleiro.

Conhecido também pela qualidade de suas letras, Zeca Baleiro não pensou duas vezes quando questionado se ele poderia dizer se há Leminski em suas obras.

“Há Leminski em Zeca, em Arnaldo Antunes, em Chico César, em várias coisas que hoje são feitas na música popular brasileira, advêm do Leminski”

comentou Zeca Baleiro.

Obra viva

O projeto de Estrela Leminski, o Leminskanções, é uma das mais preciosas compilações da obra do poeta, que foi idealizado pela artista, que também é escritora, compositora e produtora.

Animada em manter viva a história de Paulo Leminski, Estrela revelou que deve dar luz a mais uma fase importante da vida do pai: a renovação do público.

“Tenho uma paixão específica, muito particular, que é um repertório de canções para crianças que ele fez junto com Guilherme Arantes, o Pirlimpimpim 2, que eu era uma criança ouvindo essas canções. Essa é a minha nova mira, porque eu acho que tem uma coisa muito fantástica, que eu acho que é o meu pai fazer uma nova geração se apaixonar por poesia”

concluiu e adiantou Estrela Leminski.
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Foto: Brunno Covello/Divulgação.