Um dos nomes mais importantes da música popular brasileira, Nara Leão, ganhou uma peça em que é retratada por um dos grandes nomes da dramaturgia brasileira: Zeze Polessa. O musical “Os Olhos de Nara Leão”, com texto de Miguel Falabella, chega a Curitiba neste final de semana, com três dias de espetáculo no Teatro Fernanda Montenegro. Veja a entrevista completa abaixo.

Nara Leão, um ícone para se entender a música, a cultura e a sociedade brasileira dos anos 60, 70 e 80, possuía atitudes pioneiras e revolucionárias, que refletem em um repertório singular e com uma trajetória que reverbera mesmo após mais de três décadas de sua partida.
O musical é fruto do arrebatamento causado pela cantora em Zeze Polessa, que partilha o desejo de revivê-la nos palcos, tendo ao seu lado, na autoria e direção, seu amigo Falabella, parceiro em uma série de projetos teatrais.
“A Nara não era uma artista que ficava somente com as descobertas dela, ela sempre tinha longas e sensíveis antenas e era uma pessoa com uma sofisticação que também atraía outros músicos, que chamavam ela. Me emociona essa liberdade e junto com uma responsabilidade muito grande, que no fundo disso tudo é amor pelo que você acha que pode dar para o mundo”
diz Zeze Polessa.
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Zeze Polessa cresceu ouvindo e acompanhando a carreira de Nara pelos discos e inúmeros sucessos apresentados em festivais na TV. Durante a pandemia, ao ler uma biografia da cantora, começou ali a fazer uma pesquisa daquela que seria a sua próxima personagem.
“Me emocionou o comprometimento dela com uma coisa que ela descobriu que ela tinha, que gostava de fazer, que em princípio era garimpar músicas do cancioneiro brasileiro. Muito jovem e comprometida com isso. O início dela, de pegar um violão, fazer aula, o pai colocou um super professor. A casa dela tinha muita liberdade e grandes nomes se reuniam lá”
reflete a atriz.

A história contada com liberdade
Na montagem, Nara Leão está em cena para compartilhar com o público algumas lembranças e reflexões, como se estivesse vindo de algum lugar do futuro – ou passado.
Em um grande fluxo de consciência, o texto traz momentos e canções da cantora sem preocupação com cronologias, datas ou outras formalidades, bem no estilo Nara, uma intérprete que sempre se permitiu a liberdade como artista e mulher.
“Pra mim, a liberdade foi o fato de não ter a idade dela, nem a aparência, não ser a musicista que ela foi, de tocar o violão, ter a voz, musicalidade. Isso também me deu, ao mesmo tempo que é angustiante, você quer começar o trabalho se aproximando, me abriu muito para que artista que eu sou, como é que tá sendo meu desempenho nos períodos políticos pelo qual eu passei. A peça tem isso, é um pouco misturado a atriz com o personagem e no final tem uma revelação disso que é muito surpreendente e muito lindo. Sou eu e ela no mesmo corpo”
avalia Zeze Polessa.
Veja a entrevista completa com Zeze Polessa:
Amizade nos palcos
Zeze Polessa e Miguel Falabella são amigos de longa data. E é com essa amizade que a peça fica ainda mais intensa, pois o texto tem um pouco de cada um deles.
“Miguel teve um insight e descobriu o mote da peça, que é a própria Nara que “baixa” no teatro e vai falar da aventura que tem a vida dela. É contado quase como se ela estivesse vivendo aquilo naquele momento. Isso tudo porque o Miguel colocou o teatro em cena. Digamos que é o teatro do documentário, vem com um texto poético, quase literário, muito elaborado”
conta a atriz.
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‘Os Olhos de Nara Leão’ em Curitiba
Estar em Curitiba nesta sexta-feira (21), sábado (22) e domingo (23), para Zeze, é um grande presente. Isso porque ela disse ter muito respeito pelo público curitibano.
“Curitiba tem um público muito interessante, que vem sendo formado há muitos anos. Sempre sou muito curiosa do público de Curitiba e gosto de vir por isso. As pessoas aprenderam a amar o teatro e a conhecer o lugar que o teatro pode ter na vida de cada um. Acho que a peça vai ter uma coisa de reencontrar essa artista brasileira que fez, em uma época difícil, a aventura de conhecer os lugares e os músicos Brasil afora”
conclui Zeze Polessa.
O espetáculo vai ser no Teatro Fernanda Montenegro, que fica no Shopping Novo Batel, na Rua Coronel Dulcídio, 517 – Batel. Os ingressos custam a partir de R$ 65 e a venda é feita pelo Disk-Ingressos. Clique aqui para sexta. Clique aqui para sábado. Clique aqui para domingo.
