Quem nunca se pegou com problemas e situações que muitas vezes chega a ser difícil se concentrar? Certamente em algum momento da sua vida você já teve vontade ou até mesmo gritou: “Eu não aguento mais”. Pois é essa a discussão que propõe a comédia ‘O Caso’, que chega a Curitiba neste sábado (7) e domingo (8), no Teatro Guairinha.
Estrelada por Otávio Muller e Letícia Isnard, o espetáculo vai fazer uma curta temporada na cidade, com apenas duas apresentações. Os ingressos, que custam a partir de R$ 40, estão quase esgotados. Restam poucos lugares disponíveis. Veja detalhes e a entrevista abaixo.
Dirigida por Fernando Philbert e adaptada de um texto escrito pelo francês Jacques Mougenot, “O Caso” é uma comédia. A peça fala de questões contemporâneas, como a incapacidade de se concentrar em meio à avalanche de informações e estímulos que chegam sem parar e a falta de interesse pelo outro e pelo coletivo, com um texto ágil, repleto de humor e diálogos rápidos.
“Ela vem bem naquele formato bem tradicional, de peça de gabinete, que a gente chama. A ação se passa em tempo real, num único cenário. A situação é uma consulta psiquiátrica. Mas ela tem uma surpresa. Tem uma grande virada de jogo, mais para o final, que eu não posso contar, que é spoiler. E aí rompe um pouco com essa perspectiva mais tradicional da construção da narrativa mesmo”
comentou Letícia Isnard.
Apesar de a peça tratar da dificuldade de a gente se concentrar e se aprofundar nas coisas, o espetáculo também trata sobre escuta. Afinal de contas, também tem sido difícil escutar as pessoas hoje em dia, né? É aí que entra o humor: cutucar as feridas e fazer com que as pessoas se vejam no palco.
“Com certeza, um espelho, né? E eu acho que o humor é muito poderoso nesse sentido, para a gente falar coisas muito profundas, porque ele abre a nossa escuta […]. Acho que tem uma coisa que é interessante também, que a gente está muito perdido com esse uso das redes, dos celulares. Acho que a nossa geração que está vivenciando nessa coisa da internet e a gente está passando por um salto quântico da humanidade mesmo. Acho que é antes e depois disso. E a gente ainda não sabe usar esse brinquedo. Então, várias patologias estão sendo diagnosticadas agora que estão decorrentes desse uso excessivo de telas, de rede. Esse prazer rápido, a serotonina que o cérebro solta cada like que a gente recebe”.
disse a atriz.
Veja a entrevista completa com Letícia Isnard:
Desmistificando tabus
Otávio Muller vive Arnaldo, um homem aparentemente comum, que procura uma psiquiatra, interpretada por Letícia Isnard. Ele alega sofrer de um distúrbio, em que é constantemente tomado por uma sensação de desinteresse por absolutamente tudo e todos ao redor.
O fato de a peça ter uma psiquiatra no palco também faz com que o preconceito com a busca por ajuda seja de alguma forma rompido. Foi-se o tempo (ou ele nunca existiu de fato) em que procurar um psiquiatra era algo apenas para “loucos”.
“Muito pelo contrário, né? Eu acho que hoje em dia a gente tem tanto recurso. Não faz sentido mais a pessoa ficar sofrendo sozinha. E às vezes a gente não detecta. E aí acho que é muito importante a gente escutar as pessoas que estão à nossa volta também […]. A gente às vezes demora se dá conta de que não está legal né. E aí começa a ter essas crises de ansiedade, que acho que é uma grande doença do nosso tempo”.
Tratando com humor de assuntos até mesmo difíceis de se lidar quando estamos vivenciando, a peça também vem com um potente poder de cura: a comédia. Letícia reforça que é rindo que conseguimos aliviar a tensão dos problemas.
“Com certeza. Eu acho que tem um efeito catártico e a gente vê isso acontecer com o público. Tinha dias de pessoas gemendo de tanto rir na plateia, e a gente também ficava com vontade de rir […]. A comédia é muito poderosa nesse sentido de possibilitar canais de cura mesmo. Eu acho que como dizia o Bozo, filósofo, ‘rir sempre, rir para viver, é melhor sempre rir’. Isso não é diminuir a gravidade e a importância dos problemas e das questões, muito pelo contrário. Mas eu acho que é viabilizar que a gente consiga lidar, às vezes, com os buracos mais profundos e difíceis com leveza”
avaliou Letícia Isnard.
‘O Caso’ em Curitiba
Animada, a atriz contou que Curitiba vai ser a primeira cidade fora do eixo Rio-São Paulo a receber a peça nessa nova temporada.
“Eu estou super animada para ir. Tem muito tempo que eu não vou a Curitiba. É a primeira cidade que a gente vai fazer a turnê. A gente fez uma temporada no Rio, depois outra em São Paulo, que foram muito legais, mas já tem um ano”.
Ao longo do período que ficaram parados, os próprios atores aproveitaram para lapidar ainda mais os personagens. Então, o riso é garantido, mas sempre com a proposta de olhar para si mesmo.
“Ficamos parados por um tempo, aí agora uns dois meses atrás a gente se reencontrou para voltar a ensaiar. E aí é legal porque a gente também viveu coisas nesse um ano, então o material já vem com outro olhar. Estamos super animados, a gente já vai batendo texto no avião para já chegar louco, aquecido, no ponto. Estamos com fome da plateia, se preparem”
concluiu Letícia Isnard.
Serviço:
O CASO – Comédia com Otávio Muller e Letícia Isrard em Curitiba
Datas e horários: sábado, 7 de setembro, às 20h / domingo, 8 de setembro, às 17h.
Onde: Teatro Guairinha (Rua XV de Novembro, 971 – Centro)
Quanto: ingressos a partir de R$ 40. Venda pelo Disk-Ingressos.