(Fotos: Gelson Antunes/ImagemG)

 

Mais do que apenas servir os clientes, um café inaugurado em Curitiba neste domingo (22) pretende dar uma segunda chance para mulheres do sistema penitenciário que usam tornozeleira eletrônica. O estabelecimento, batizado de Sete Expresso, fica localizado na Praça Maria Bergamin Andretta, na Rua Bento Viana, no Água Verde.

O sócio da construtora Mora Constrói, Leopoldo Guimarães, que ‘deu vida’ ao café, explicou que toda a ideia surgiu há cerca de três meses, depois de uma palestra que ele ministrou sobre empreendedorismo. “Na ocasião, a Fernanda Rossa, coordenadora do programa Geração Bizu [que trabalha com desenvolvimento social], me procurou, contou sobre o projeto e pediu a minha ajuda. Ela falou que tinha recebido a concessão para usar um módulo policial no Água Verde que estava abandonado há anos”, disse ele em entrevista à Banda B.

Empolgados com a iniciativa, eles foram até o local e resolveram criar um estabelecimento que fosse mais do que somente uma ‘bancada’ para servir café. “Eu comentei com ela que poderia ser algo bem maior que isso, um lugar que realmente tivesse sucesso financeiro para alavancar o projeto, que tem como mote justamente a reintegração social de ex-detentas. Eu ainda avisei para a Fernanda que faria tudo de maneira bem rápida”, completou Guimarães.

E foi exatamente isso o que aconteceu: Foram 70 dias de planejamento e sete de execução. Daí surgiu o nome “Sete Expresso”. “Foram 10 equipes trabalhando, com vários parceiros. Eu doei a mão de obra e outros fornecedores vieram com o material de construção. O projeto teve o brilho de muitos profissionais, entre marceneiros, pintores, paisagistas, editores de vídeo… Eu até brinquei que fomos os ‘Vingadores’, juntamos os melhores e fizemos tudo isso”.

Trabalho social

O resultado da junção de tantos trabalhadores foi a criação de um lugar aconchegante, que será conduzido por funcionárias que usam tornozeleira eletrônica. Daí a importância de tanto esforço. “Elas passaram por um treinamento de barista e por um reconhecimento da identidade do cardápio e da logomarca. Essas mulheres são pessoas lindas que, em um momento de fatalidade, desespero, cometeram um delito, mas hoje estão dispostas a fazer o bem para a sociedade. Além delas, outras dezenas de meninas poderão integrar esse projeto, por meio dos fundos arrecadados pelo café”, afirmou o sócio da construtora.

Para ele, essa iniciativa é essencial para evitar o retorno ao mundo do crime. “Se não fosse a Geração Bizu, essas mulheres talvez voltariam para a marginalidade, porque não teriam a oportunidade de ver a vida por outra ótica. A ideia é deixar claro que o que elas fizeram de errado foi ontem, mas hoje e amanhã podem ser úteis e até necessárias à sociedade”, finalizou.

 

 

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Novo café no Água Verde contrata funcionárias com tornozeleira eletrônica: “Segunda chance”

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