Uma mulher afirma que foi agredida pela Polícia Militar durante procedimentos da Ação Integrada de Fiscalização Urbana (Aifu) na madrugada deste sábado (23), na Cidade Industrial de Curitiba. Um vídeo ao qual a Banda B teve acesso mostra cenas da confusão envolvendo algumas abordagens (assista abaixo).

O vídeo foi registrado enquanto policiais militares abordavam um homem na rua Raul Pompeia. Conforme mostram as imagens, uma mulher se espanta com a abordagem da PM contra um homem e se aproxima das equipes.

“Vocês passaram dos limites! Ridículos”, repete a mulher durante a gravação. Em determinado momento, ela aproxima a câmera do rosto de um dos policiais e faz um pedido: “Senhor, põe máscara… Covid”.

Segundos depois, enquanto a polícia encaminhava o homem abordado para a viatura, a mulher segue os policiais e narra que todos estão sem proteção facial. Ao se aproximar de um policial, ela tem o celular derrubado no chão.

“Você está louco?”, questiona a ela. Em seguida, um homem pega o celular do chão, pede para que a mulher fique longe enquanto ela repete: “Vai bater em mulher, seu filho da puta?”.

Neste momento, ela é levada ao chão por um policial e o homem grava toda a cena. Ela grita e chora. Em um outro vídeo, um policial aparece batendo com uma boina no rosto da mulher e a algema.

Em um outro vídeo, publicado nas redes sociais, ela aparece em um hospital com o nariz e parte do rosto sangrando. No registro, também filmado por um homem, ela, algemada, diz ter sido agredida com um soco no nariz. A Banda B preferiu não divulgar o vídeo para não expô-la.

“Eu vou para o IML [Instituto Médico Legal]. Um homem não bate em uma mulher nunca”, diz. “Não ri da minha cara, não. Se coloca no seu lugar, você está aqui para proteger, não para espancar uma mulher”, prossegue ao se dirigir a um policial, enquanto chora.

Defesa da vítima

O advogado da vítima, Igor José Ogar, disse, em entrevista à Banda B, que as imagens registradas evidenciam o abuso de autoridade durante a abordagem. Ele citou, inclusive, que a agressividade dos policiais é clara nos vídeos.

“Posso dizer, em defesa da Stephany, que representa todas as mulheres neste mês de Outubro Rosa, e também da corporação da Polícia Militar, que não aprova esse tipo de comportamento, que é latente o abuso de autoridade, o qual salta os olhos tamanha agressividade e desproporcionalidade nos atos praticados por esse policial e por aquele batalhão que observa inerte sem tomar nenhuma atitude, mesmo quando sabe que as imagens estão sendo registradas pela população e familiares da vítima”, afirmou.

A defesa concluiu destacando que tomará todas as atitudes legais para responsabilizar o policial suspeito de agredir Stephany.

“Não podemos e não iremos deixar isso se passar. Sim, faremos a representação contra esse policial e contra todos aqueles que agiram de forma omissiva, também por aqueles que colaboraram com essa injusta agressão contra ela”, finalizou.

Leia a nota da defesa na íntegra enviada à reportagem:

“O advogado Igor José Ogar que defende a vítima Estephany, proprietária da hamburgueria que foi objeto de fiscalização de rotina.

Vem a público esclarecer que a ação de alguns Policiais Militares, principalmente a do PM que utilizou um objeto para bater no rosto da moça, foi uma ação covarde e totalmente desproporcional.

A própria PM repudia a ação desses maus policiais, minoria na respeitosa corporação, tanto que não são todos os Pms que aparecem no vídeo, que colaboram com a agressão desta vítima .

Esses Pms não tem o menor preparo psicológico nem profissional, devem ser retirados das ruas e das funções imediatamente.

O que mais choca a sociedade, é um capitão que deveria comandar a operação, e reprimir tal barbárie por parte de agentes público tem o despauterio e a desfaçatez de afirmar que a boina é leve e não deixa lesão ( aprovando a conduta agressiva ) .

Faço a seguinte indagação, bater com um chinelo de dedo na cara dele, ou algo assim é permitido ?

O chinelo é tão leve quanto uma boina ou uma cinta.

A vítima tem 1 metro e 59 de altura, saiu inteiramente lesionada.

Se esses policiais fizeram isso com uma empresária, que paga seus impostos, tendo toda a ação filmada, imagina o que não fariam com pessoas de menor poder aquisitivo que são abordadas em locais ermos, sem nenhum celular ou testemunhas para filmar?

Buscaremos a reprimenda de todos os maus policiais, minoria que envergonha de asa classe de heróis .

É a nota, Advogado Igor José Ogar”.

Versão da Polícia Militar

Em entrevista à Banda B, também na manhã deste sábado (23), o capitão e coordenador da Aifu, Ronald Goulart, afirmou que a mulher que aparece nos vídeos desacatou os policiais militares e resistiu à prisão. O homem que aparece nas imagens sendo abordado, diz Goulart, também estava sendo preso por desacato.

Foto: Reprodução/Redes Sociais

“Ela tentou interferir na prisão desse homem, se aproximou bruscamente dos policiais e já apontando o celular para o rosto da equipe. Em seguida, começou a preferir palavrões e um dos militares tentou contê-la, mas ela desferiu um tapa no rosto dele”, iniciou.

O coordenador da Aifu afirmou que a mulher reagiu à abordagem, “se jogou no chão e estava totalmente descontrolada”: “Ela estava gritando, se debatendo e querendo chamar atenção”.

Sobre os ferimentos no rosto da vítima, o capitão disse que estes foram provocados pela própria mulher e que ela foi encaminhada, em seguida, a uma Unidade de Pronto-Atendimento.

“Ela se debateu bastante no asfalto e teve algumas lesões no rosto. Depois, foi encaminhada a uma unidade de saúde para avaliação médica, que constatou que não houve nenhuma lesão grave. Ela não deixou que o médico limpasse o sangue do rosto”, afirmou ao destacar que a mulher teria mordido um policial.

Em relação à boina usada pelo policial para bater na mulher, Goulart disse que “o material é leve e não teria condições de causar lesões”.

Operação contra aglomerações

A operação que integrou equipes da Ação Integrada de Fiscalização Urbana (Aifu), Polícia Militar, Guarda Municipal e Prefeitura de Curitiba tinha por objetivo dispersar aglomerações que são alvos de reclamações de moradores da Cidade Industrial de Curitiba.

“Toda a vizinhança da rua Raul Pompéia, há meses, não consegue dormir por conta de badernas generalizadas na região. O moradores sofrem com barulhos, música alta, urina na rua, e isso precisa de um basta”, disse o coordenador da Aifu.

Muitos jovens foram flagrados consumindo bebidas alcóolicas em ruas da região, o que é proibido, segundo o último decreto da Prefeitura de Curitiba.

As ações da Aifu têm apoio da operação Fecha Quartel da PM, que se estenderão por mais alguns dias.

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Vídeo mostra policial agredindo mulher no chão em abordagem na CIC; assista

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