Por Luiz Henrique de Oliveira

Uma novidade vem revoltando os curitibanos que estacionam os carros em ruas de Curitiba. Alguns flanelinhas, ou guardadores de carros, estão pedindo pagamento antecipado para cuidar dos veículos. Com receio de alguma retaliação, os motoristas acabam entregando o dinheiro, mesmo correndo o risco de na volta o cuidador não estar mais lá.

A situação aconteceu durante o fim de semana em dois pontos distintos de Curitiba. O primeiro foi na região do bairro Água Verde, onde acontecia uma Festa Junina em um colégio. “O rapaz falou que eu tinha que pagar antecipado porque o patrão dele cobrava. Eu falei que não tinha, porque não tinha mesmo, e que na volta pagava. Tive que mostrar para ele que não tinha trocado. Não temos obrigação nem de pagar depois e antes é pior ainda”, disse um morador, que não quis se identificar.

flanelinhaFlanelinhas estão cobrando antecipado por pagamento (Foto: Reprodução)

Outro caso semelhante foi registrado no bairro Rebouças. “Eu fui com minha filha até um show, durante a tarde, e o flanelinha pediu o pagamento de R$ 10 antecipado. Com receio de que ele fizesse alguma coisa, eu acabei pagando. Fiquei brava, mas acabei pagando. Vou arriscar para saber o que vai acontecer com meu carro?”, questionou uma moradora na capital.

De acordo com a Polícia Militar (PM), a prática pode ser considerada ilegal apenas se houver ameaça. “Mas não basta a pessoa apenas informar a PM, porque precisamos do flagrante. Se quando chegarmos lá não tiver a situação de ameaça, não há o que se fazer. A nossa orientação é de procurar um local seguro, chamar a PM e aguardar a chegada da viatura”, explicou à Banda B a tenente Danieli Paluck, porta-voz da PM.

A tenente explicou quais podem ser os tipos de ameaças. “Por meio de gestos, palavras e nada que force a contribuição. Acabou se criando o costume de se dar o dinheiro ao cuidador, porém isso não é obrigatório, nem antecipadamente e nem depois. Vale lembrar que, para o crime de ameaça, se assina um Termo Circunstanciado e a pessoa responde em liberdade”, disse.

Na câmara

Projetos de lei que querem proibir e regulamentar a profissão de flanelinha já tramitaram na Câmara Municipal de Curitiba (CMC), porém não foram para frente. O deputado Felipe Braga Cortês (PSDB) propôs a proibição e explicou os motivos à Banda B. “Há três anos entrei com um projeto de lei para a proibição, como aconteceu em Ponta Grossa, mas o projeto de lei não teve uma evolução. É um tema muito polêmico e de questão até mesmo social, por conta da falta de oportunidades de emprego”, afirmou.

O tucano também afirmou achar um absurdo o pagamento antecipado. “Em alguns casos os flanelinhas são bem recebidos, mas na maioria não. Fazem cobranças indevidas e até mesmo antecipadas, mediante a ameaças. Quem defende a atividade toma como base uma decisão de 1977, porém a cobrança em espaços públicos é indevida”, opinou.

Por fim, o vereador comentou que representantes de uma possível associação de flanelinhas o procuraram durante a tramitação do seu projeto na CMC. “Vieram me procurar há alguns anos, só que não conheço uma associação que tenha uma administração coerente e representativa. Acho que esse tipo de tema é uma demanda importante e que merece ser investigada mais a fundo e, inclusive, debatida na CMC”, concluiu.

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Guardadores obrigam motoristas com carro na rua em Curitiba a pagarem preço definido e já na chegada

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